por Fernando Lomardo
http://quatroasas.blogspot.com/2016/05/sabemos-tudo-que-se-passa-nesse-grupo.html
O Edital de Credenciamento n° 1/2009 foi
publicado no Diário Oficial da União em 13 de julho de 2009. Minha inscrição
foi registrada sob o número 1269, e aprovada para as áreas de Artes Cênicas,
Música e Humanidades, de acordo com publicação no Diário Oficial da União de 02
de dezembro de 2009.
Poucos dias depois, ainda em dezembro de
2009, recebemos, por e-mail, o Termo de Compromisso, o qual deveria ser
impresso, assinado e reenviado, em três vias, através dos Correios.
Começa aqui a recorrente ausência de
comunicação com a Sefic, a qual prejudicou em muito o trabalho, a relação com o
Ministério e suas vinculadas, o recebimento de valores devidos, a atualização
de leis e instruções normativas e, com tudo isso, a própria credibilidade da
iniciativa.
Os Termos de Compromisso, depois de
reenviados pelos pareceristas, levaram meses para retornar com a assinatura do
Secretário Especial, senhor Henilton Parente de Menezes – pessoa a quem
dedicarei um artigo exclusivo, tal sua importância na sequência de trapalhadas
deste processo. Somente em maio de 2010 (mais de cinco meses após terem sido
remetidas com a assinatura dos pareceristas) recebi de volta minha cópia.
Durante esse período enviei três e-mails à Sefic perguntando sobre o assunto.
Nenhum deles recebeu qualquer resposta.
Isso, no entanto, ainda era café pequeno
comparado a algumas coisas que já ocorriam e outras que ainda estavam por vir.
O “TREINAMENTO”
Em 12/03/2010, a Sefic promoveu (ou tentou
promover) um treinamento (ou “capacitação”, como eles a chamavam) virtual para
os pareceristas (ou peritos) contratados pelo Minc. Note-se que esta
capacitação ocorre 100 dias após a publicação da seleção no D.O.U., sem
qualquer justificativa para este intervalo de tempo. Na imagem abaixo, o e-mail
de convocação para a sala virtual onde se daria o treinamento. Convocação
emitida repentinamente, apenas dois dias antes da data, sem qualquer
preocupação com possíveis compromissos já assumidos pelos peritos, que até este
momento estavam totalmente no escuro em relação a todo o processo.
Mesmo assim, a maioria do grupo de peritos
(em torno de 400 pessoas) organizou seu tempo de modo a estar disponível na
hora determinada.
12 de março de 2010, 13:00. As pessoas
começam a tentar entrar na sala virtual.
Você conseguiu? Nem eu. Nem a grande
maioria de nós. Cerca de 350 pessoas simplesmente não conseguiam entrar: os
botões virtuais não respondiam. Você podia clicar à vontade na janela de login
ou em qualquer outro ícone da tela e nada. Muita gente, inclusive eu, começou a
ligar para Brasília (sede da Sefic). Nada. Ninguém atendia. Uma coisa
inexplicável. Depois de cerca de uma hora fazendo várias tentativas, desisti.
Ficou uma certa sensação de absurdo, uma coisa meio inacreditável. Cheguei a
ligar a TV para ver se aparecia alguma notícia. Um incêndio, sei lá eu. Mas o
motivo era mais prosaico. Quase infantil.
A Sefic simplesmente havia contratado uma plataforma com capacidade máxima para 100 pessoas. Como os pareceristas eram em
torno de 400, a maioria não conseguiu entrar na sala virtual. Simples assim.
Houve ainda outro problema: um dos peritos
que conseguiu acesso gravou o treinamento. Com o tempo acabei perdendo este
arquivo de vídeo, mas ele mostrava que, após uns 15 minutos de vídeo-conferência,
a imagem congelou. Só se ouvia o áudio do treinamento. O resultado foi cômico,
porque ninguém na Sefic pareceu se preocupar com isso. O “treinamento”
continuou, com os instrutores dizendo coisas como “estão vendo este ícone aqui à
direita”?, e evidentemente ninguém via nada, com a tela congelada.
Reproduzo abaixo três das mensagens que
recebemos após esse lance de comédia. Na primeira o Secretário, Sr. Henilton
Menezes, se desculpa e faz promessas para o futuro. Na segunda, o senhor Lauro
Ribeiro, cujo cargo eu nunca soube exatamente qual era, nos enviou “material
instrucional” em arquivos pdf. Nós, pareceristas, que a esta altura já tínhamos
criado um grupo virtual para troca de informações, começávamos a perceber que
teríamos que “nos treinar” sozinhos. E de fato, uma segunda capacitação (se é
que a primeira merece este nome) nunca ocorreu.
A terceira mensagem é a mais
estarrecedora. Não sei qual foi a matemática maluca que fez o senhor Ribeiro
afirmar que “Hoje, nós temos 100% do corpo de pareceristas treinado”. (!!!)
Parece mesmo uma dessas contas do PT, que diz que assentou “milhões de
famílias” enquanto o número de supostos sem-terra nunca para de crescer. Enfim,
o senhor Ribeiro acaba criando uma solução brilhante que parece saída
diretamente da boca da nossa presidenta-mulher: “Quem não recebeu treinamento,
considere-se treinado”!
Precisa dizer mais alguma coisa?
No próximo artigo, nossas dificuldades para desbravar o sistema Salic.