sexta-feira, 18 de novembro de 2016

A FALÁCIA DA FALÊNCIA

     ESTE É O PRIMEIRO DE UMA SÉRIE DE TRÊS ARTIGOS QUE VISAM DENUNCIAR TRÊS GRANDES FARSAS INSTITUCIONAIS BRASILEIRAS. ESTAS FARSAS SÃO MONTADAS E DIVULGADAS POR POLÍTICOS E EMPRESÁRIOS, E IMEDIATAMENTE ENCAMPADAS POR ECONOMISTAS, JORNALISTAS E POR UMA SUPOSTA INTELECTUALIDADE. SÃO ELAS: A CRISE FINANCEIRA, A QUEBRA DA PREVIDÊNCIA, E A PRIVATIZAÇÃO.     

A falácia da falência
por Fernando Lomardo

     “Embora por motivos diferentes e por caminhos distintos, Brasil e Grécia chegaram ao mesmo ponto em que o tesouro quebra e falta dinheiro para tudo”.

     O cinismo da afirmação acima, expressa no Editorial do jornal O Globo de 13 de novembro de 2016, escancara a conivência da imprensa brasileira com um tipo de administração pública congenitamente ligada à mentira e ao banditismo.

     A Grécia tem lá seus problemas, sobre os quais podemos dizer, como um Donald Trump da vida, que não nos interessam. Quanto ao Brasil, que é problema nosso, todos sabemos (inclusive o jornal O Globo) que não quebrou: o Brasil foi, e continua sendo, roubado –  o que é bem diferente.

     O roubo não está apenas na corrupção, no desvio de dinheiro público, nos financiamentos ilegais de campanha, nem apenas nos subornos pagos por grandes empresas – subornos, no jargão da imprensa, infantilmente tratados como “propina”, como quem chama ânus de “bumbum”. Não. O roubo também está no custo espantoso de um legislativo impregnado pelo crime, onde apartamentos, ternos, viagens, sessões extras e salários injustificáveis são todos extorquidos do dinheiro do contribuinte - e isto se dá nas três esferas da administração pública: na municipal, na estadual e na federal. Bilhões de reais anualmente vão para o esgoto da sustentação de câmaras e assembléias cuja principal atividade consiste em legislar em causa própria e lesar o cidadão contribuinte.
  
     O roubo está na isenção fiscal concedida a quem deveria pagar mais imposto, ou seja, os grandes conglomerados empresariais, cujo faturamento é notoriamente assombroso e só mesmo o roubo justifica a insolvência financeira de alguns deles - assunto a que voltaremos no terceiro artigo da série, “A farsa da privatização”. 

     E o que vai acima não é tudo. O roubo de dinheiro público também está também em tecidos cancerosos como o fundo partidário, onde o cidadão é obrigado a pagar pela eleição de quem vai espoliá-lo, como se colocássemos um lauto prato de ração para a raposa que em seguida nos devastará o galinheiro.
  
     O roubo está na imoralidade de salários acima do teto da lei, recebidos principalmente por membros do poder judiciário, a maioria juízes e desembargadores; está no vilipêndio ao cidadão e contribuinte que dedicou sua vida útil ao país e hoje vê os abutres, representados pelo governo, pelo legislativo e pela imprensa, sobrevoarem sua aposentadoria, esperando para descartar o cidadão por inútil, como os Quatro Músicos de Bremen abandonados a partir da velhice.

     A imprensa parece realmente acreditar no discursinho criminoso da “falta de dinheiro” e seus filhotes: a previdência, os programas sociais, as verbas para Educação e Doença (não se pode usar o termo “saúde” no Brasil).  Se acredita de fato, é burra; se apenas finge acreditar, é conivente. 

     Mas essa conivência sofreu um duro golpe na semana que termina agora: após prenderem um dos maiores criminosos do país, o parisiense Sérgio Cabral, a Polícia Federal e o Ministério Público afirmaram textualmente, em sua entrevista coletiva de 17/11/2016, que a alegada falta de recursos hoje enfrentada pelo Estado do Rio de Janeiro é fruto de DESVIO DE DINHEIRO PÚBLICO (vale dizer, roubo), não de má administração. Simples assim. Sem a complexidade pretensiosa que os supostos analistas e especialistas da imprensa querem alegar em seus editoriais, colunas e programas de debates.

     A partir dessa constatação, que a cada dia se torna mais e mais cristalina e indiscutível, esperamos que os verdadeiros jornalistas e editores (pois sabemos que eles existem) reprogramem suas pautas e seus cadernos. De modo que as questões referentes à alegada “quebra do Tesouro” deixe de frequentar as páginas de política e economia e passe a frequentar as páginas policiais; e que as manchetes e chamadas sejam substituídas por um texto mais adequado: ao invés de “O PAÍS ESTÁ QUEBRADO”, a verdade: “O PAÍS ESTÁ SENDO ASSALTADO”. 

     Sabemos todos que uma imprensa livre é um dos pilares da democracia. Mas que ela seja realmente livre, não cooptada por grupos de interesses. E talvez não seja pedir demais um pouquinho de originalidade e inteligência, ao invés da mecânica repetição dos argumentos rotos e surrados de políticos e empresários.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

CUMPLICIDADE E CONIVÊNCIA: NO BRASIL, O CRIME COMPENSA

Lanço aqui o texto “Cumplicidade e conivência”, dramaturgia em 6 atos, com fundo moral. Acompanhem, @LFPezão e @STF_oficial.

1º. ato: governo do RJ decide que não vai mais pagar o funcionalismo. Põe a culpa na farsa da crise, quando todos sabem que o dinheiro foi roubado.

2°. ato: @LFPezao, o capacho inventado por @SergioCabralRJ, se licencia. Assume a Múmia do Faraó Quéops, quer dizer, Francisco Dornelles.

3°. ato: o motivo da manobra é óbvio: ninguém ataca um canceroso, nem um velho senil.

4°. ato: O ministro Lewandowski desmonta a farsa, impondo que o Estado do RJ cumpra seu dever até o 3° dia útil de cada mês.

5°. ato: mudança na chefia do @STF_oficial. @LFPezão sai da licença, sem traço de quimioterapia. Vai a @MichelTemer, que vai a Carmem Lúcia.

6º. ato: Carmem Lúcia rasga a Constituição, certo, @STF_oficial, e deixa o RJ pagar quando quiser. Moral: no Brasil, o crime compensa.