por Fernando Lomardo
Inclui réplica do Deputado Chico Alencar, e minha tréplica.
Aderi à convocação do Movimento Vem Pra Rua, cuja intenção é conscientizar os parlamentares indecisos a votarem a favor do impeachment da Presidente Dilma Roussef. Enviei uma mensagem por e-mail aos deputados e senadores do Estado do Rio de Janeiro, não apenas os indecisos, mas também os contrários. O conteúdo desta mensagem está publicado abaixo.
O deputado Chico Alencar respondeu à minha mensagem com uma carta-padrão. Não me alongarei sobre ela, deixando a opinião a respeito para os próprios leitores. Mas não pude me furtar a respondê-la, e minha tréplica também segue abaixo.
Creio que esta troca de mensagens, de qualquer forma, pode ser um exemplo razoável da importância que alguns parlamentares dão às necessidades da população e do país.
O deputado Chico Alencar respondeu à minha mensagem com uma carta-padrão. Não me alongarei sobre ela, deixando a opinião a respeito para os próprios leitores. Mas não pude me furtar a respondê-la, e minha tréplica também segue abaixo.
Creio que esta troca de mensagens, de qualquer forma, pode ser um exemplo razoável da importância que alguns parlamentares dão às necessidades da população e do país.
MENSAGEM ENVIADA POR E-MAIL
AOS SENADORES E DEPUTADOS FEDERAIS INDECISOS
E TAMBÉM AOS CONTRÁRIOS AO IMPEACHMENT
AOS SENADORES E DEPUTADOS FEDERAIS INDECISOS
E TAMBÉM AOS CONTRÁRIOS AO IMPEACHMENT
Senhores
Deputados e Senadores,
aproxima-se o momento político mais importante do Brasil nos
últimos 20 anos. O impeachment de Dilma Rousseff é a mais imperativa obrigação
do mandato de Vossas Senhorias – e a opinião pública está atenta ao que vem se
passando nos quadros políticos da nação. Só o afastamento definitivo da
senhora que ocupa a presidência poderá recolocar o país diante das primeiras remotas possibilidades de
qualquer retomada de equilíbrio. Qualquer hipótese contrária é a derrocada
absoluta, a falência do país e a morte cerebral da democracia. O país vegetará
como um corpo mantido por aparelhos.
Sabemos que os
senhores não se importam muito com a opinião pública. Afinal, a Constituição de
1988 blindou tanto o poder legislativo que os senhores podem praticar qualquer
ato sem grandes riscos, independentemente de sua legalidade. No entanto, o país
vive nível de politização sem precedentes. Mesmo a pessoa supostamente mais
desinformada já tomou ciência das necessidades do país e, cada vez mais, o
eleitor sabe valorizar seu voto. Muitos deputados e senadores, particularmente
os que duvidam de tal capacidade, terão a oportunidade de confirmar esse fato
ao verem-se alijados das opções do eleitorado nos próximos sufrágios.
O Brasil quer o
impeachment. O verdadeiro povo, não o povo manipulado. O Brasil necessita do
impeachment. Os verdadeiros movimentos sociais, não os movimentos sindicais
comprados com dinheiro público. O Brasil exige o impeachment. O mandato que o
povo dá, o povo tira – e poderá tirar o mandato de alguns de vocês, no futuro.
Cumpram com sua
obrigação. Não se omitam e não se alienem nessa hora definitiva para o
progresso do país.
Atenciosamente,
Fernando Lomardo
Brasileiro, ator,
músico e professor
RESPOSTA AUTOMÁTICA DO DEPUTADO FEDERAL CHICO ALENCAR,
DO PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE - PSOL
PELA
RACIONALIDADE NA HORA DA PAIXÃO EXTREMA
Nossa
cabeça, muitas vezes, tende a ser maniqueísta, colocando o bem absoluto contra
o mal total. É mais fácil, simplifica o olhar sobre a realidade. Mas, em
diversas situações, não ajuda a compreendê-la. Como diz Eliane Brum, em
excelente artigo intitulado "Na política, mesmo os crentes precisam ser
ateus" (http://bit.ly/1MaYxlB), "nostalgias do preto X branco podem ser
perigosas".
O
PSOL não caminha ao lado de linchadores ou adoradores. E não considera que essa
postura irracional, agressiva e intolerante, que mal disfarça o ódio de classe,
ajude o país a sair do impasse. De imediato, reitero que:
1-
Apoiamos a Lava Jato em suas investigações, sem seletividade e sem
arbitrariedades; indo fundo nos muitos indícios que envolvem PT, PMDB, PSDB, PP
e outros partidos e figurões políticos, além de empresários e todos os que
participam do condomínio histórico do poder e da corrupção;
2-
Nenhuma norma do Estado Democrático de Direito, que tanto nos custou
conquistar, pode ser desrespeitada, seja por quem for - juiz, promotor,
parlamentar ou governante;
3-
Não acreditamos em 'salvadores da pátria' e sim em sujeitos coletivos; a
consciência crítica da cidadania deve se sobrepor ao sentimento 'justiceiro' e
ao senso comum ("infeliz o país que precisa de heróis" - Bertolt
Brecht);
4-
O governo Dilma é indefensável e a ele fazemos oposição programática e de
esquerda, desde o seu início, desde os tempos que tinha alta popularidade;
5-
Somos contra abrigar em função de direção pessoa investigada (ou réu) em crime
de corrupção;
6-
Impeachment é o ato constitucional mais grave de nossa ordem democrática. Este
pedido de impeachment de Dilma, baseado em 'pedaladas fiscais', e impulsionado
por entidades empresariais e pela mídia hegemônica, não se sustenta; sem provas
robustas de crimes de responsabilidade e de atos de corrupção, o PSOL não apoia
ato de tal peso contra qualquer governante eleito, ainda que altamente
impopular (como Dilma);
7-
É preciso retomar o debate sobre uma Reforma Política profunda, que o Congresso
- presidido pelos denunciados Cunha e Renan(!) e composto majoritariamente por
parlamentares financiados por grandes grupos econômicos - recusou-se a fazer.
Nesse debate público e urgente devemos incluir o referendo revogatório, entre
outros temas;
8
- Não adianta trocar governante (nossa linha sucessória vai do mal ao pior!)
sem mudar a estrutura oligárquica do Estado brasileiro e sua relação com a
sociedade, para que seja cada vez mais transparente, democrática e
participativa.
"Quanto
mais profunda a noite, mais carrega em si a madrugada" (D. Helder Câmara).
Mandato
Chico Alencar (PSOL/RJ)
MINHA RESPOSTA AO DEPUTADO CHICO ALENCAR
Não esperava
outra coisa de Chico Alencar: uma resposta-padrão, supostamente embasada mas
recheada de belas citações vazias que apenas escondem a incapacidade deste
senhor de verdadeiramente se posicionar ante o que quer que seja.
A única
racionalidade possível no momento é o puro e simples cumprimento da lei, que
determina a punição de criminosos – categoria na qual se insere a presidente
Dilma Rousseff. Qualquer outra alternativa equivale a defender criminosos,
tarefa que reservamos aos advogados a isso dedicados. Não há paixão no
cumprimento da legalidade.
Sabemos ao lado
de quem o PSOL caminha: daqueles que podem oferecer alguma boa oportunidade de
cargo ou benesse. Se o partido apoiasse a LavaJato, não estaria ao lado do PT
na Tropa de Choque que visa infringir a lei, desrespeitar a constituição e
defender criminosos, barrando o impeachment imperativo para a nação.
Mentiroso
deslavado o servidor público que afirma não crer em salvadores da pátria
enquanto se cala ante os crimes e as artimanhas do maior deles, o
ex-sindicalista e ex-torneiro mecânico Luís Inácio da Silva, exemplo de
criminoso acobertado pelo parlamento e pelo judiciário. Hipócrita o deputado
que se refere a “grandes grupos econômicos” quando sabe que são estes que
patrocinam e acobertam o governo criminoso que este mesmo deputado defende. Cínico,
ardiloso deputado o que apregoa “oposição programática” quando na verdade
mantém a pusilânime posição de coligado, porém tentando disfarçá-la com
discursos de revolução francesa. Gato escondido com o rabo de fora. Atitude de
poltrão.
Manifesto aqui
meu mais completo desprezo pelos parlamentares que apregoam falsa oposição
enquanto esperam a oportunidade de executar as mesmas ações capciosas dos
supostos opositores. Antes o deputado reacionário e fisiológico que defende
abertamente a Bolívia, a Venezuela e o Brasil do PT, sabendo que defende o
indefensável mas, pelo menos, sem mascarar-se com falso discurso.
Posso, ante tanta
covardia, apenas repetir o que já disse anteriormente: o PT é o PSOL de bengala
e dentadura; o PSOL é o PT de calça curta e pirulito na mão.
Fernando Lomardo
Brasileiro, ator,
músico e professor