segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

POR QUÊ O IMPEACHMENT É IMPERATIVO

por Fernando Lomardo

     Tenho visto jornalistas e especialistas idôneos e respeitados se referirem ao impeachment como algo “traumático”. Outro dia foi Ricardo Boechat a repetir essa lenga-lenga, em seu programa na rádio Bandeirantes. Apesar dos tempos atuais serem pouco surpreendentes, porque o ser humano é cada vez mais enfadonhamente previsível, ainda me surpreendo ao ver gente experiente manifestar tamanha ingenuidade. O impeachment é simplesmente a melhor coisa que pode acontecer ao Brasil neste momento, e dizer que ele é traumático corresponde a manifestar no mínimo ignorância pela história recente do país.

     O único exemplo concluso no Brasil (digo “concluso” porque a tentativa contra Getúlio não passou da tentativa) foi o impeachment de Fernando Collor de Melo, o “caçador” cassado. Foi tão traumático quanto um refresco gelado sob um sol de 40 graus. Era a vontade popular e era um grito (o primeiro das últimas décadas) contra a corrupção. Além disso, Collor foi um presidente cujo maior e mais memorável feito foi confiscar o dinheiro dos brasileiros. Sua saída foi mais do que justa e necessária, foi revigorante. E a principal consequência do impeachment foi Itamar Franco instaurar o Plano Real, uma das poucas políticas econômicas a trazer benefícios palpáveis à população, em toda a história do país. Esse foi o trauma: a expulsão (infelizmente temporária) de um político corrupto e o controle da inflação antes incontrolável.

     O caso atual guarda certa semelhança com o dos anos 90. Porque Dilma, o PT e seus aliados também vêm confiscando dinheiro dos brasileiros: através da corrupção que desvia recursos públicos, das pedaladas que mascaram contas fraudulentas, da retenção e corrosão de direitos trabalhistas, como o PIS/PASEP (o deste ano foi adiado para 2016), enquanto a inflação grassa e os preços aumentam como no tempo da ditadura. Esse é o ajuste fiscal que a própria imprensa defende: um ajuste que só bota na tarraqueta do trabalhador e do contribuinte. Ninguém explica por quê o Estado ficou sem dinheiro de uma hora para outra – principalmente porque não falta dinheiro para emendas parlamentares e outras formas de suborno para comprar a manutenção do poder e a facilidade para continuar roubando. Quem acredita que o Estado está realmente sem dinheiro pode ficar ao lado da chaminé esperando o Papai Noel.

     Mas os principais motivos do impeachment são mais simples do que isso: existe nele um caráter de LIMPEZA, e existe nele um caráter de PUNIÇÃO.

     A punição é o próprio afastamento, de Dilma e dos íncubos que a cercam, ávidos de suborno. Mesmo que o impedimento não envolva propriamente a corrupção, mas sim as pedaladas, é imperativo afastar o PT do poder o quanto antes. Claro que o indiciamento, condenação e prisão pelo assalto ao dinheiro público (já sabemos todos que a Petrobras é só o começo de um longo novelo) serão, quando vierem, punições mais justas e severas que o mero impedimento. Mas já é o primeiro castigo, enquanto a condenação maior não vem.

      A limpeza reside no fato de que o processo dará início, de forma gradual e inexorável, à corrosão daquilo que corrói o país: o banditismo do PT. Poderá ser talvez apenas a sua substituição pelo banditismo do PMDB – e se for esse o caso, que o processo se reinicie e tenhamos nova cassação, até que pouco a pouco todos os ratos deixem o navio. Isso pode ser classificado com diversos adjetivos: utópico, ingênuo, otimista, crédulo. Pode, sim, ser tudo isso.

     Mas nunca, em hipótese alguma, será traumático.


     Traumático é ver essa gente continuar roubando e mentindo enquanto diz, com a cara mais lavada, que está melhorando o país.

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